segunda-feira, maio 26

Leonardo Boff: "O ser humano: porção consciente e inteligente da Terra"

 
 
25/05/2014
 
O ser humano consciente não deve ser considerado à parte do processo da evolução. Ele representa um momento especialíssimo da complexidade das energias, das informações e da matéria da Mãe Terra. Cosmólogos nos dizem que atingindo certo nível de conexões a ponto de criarem uma espécie de um uníssono de vibrações, a Terra faz irromper a consciência e com ela a inteligência, a sensibilidade e a capacidade do amor.

O ser humano é aquela porção da Mãe Terra que, ao alcançar certo nivel de complexidade, começou a sentir, a pensar, a amar, a cuidar e a venerar. Nasceu, então, o ser mais complexo que conhecemos: o homo sapiens sapiens. Por isso, segundo mito antigo do cuidado, de húmus (terra fecunda) se derivou homo/homem e de adamah, em hebraico (terra fértil) se originou Adam- Adão (o filho e a filha da Terra).
Em outras palavras, nós não estamos fora nem acima da Terra viva. Somos parte dela, junto com os demais seres que ela também gerou. Não podemos viver sem a Terra, embora ela possa continuar sua trajetória sem nós.

Por causa da consciência e da inteligência somos seres com uma característica especial: a nós foi confiada a guarda e o cuidado da Casa Comum. Melhor ainda: a nós cabe viver e continuamente refazer o contrato natural entre Terra e Humanidade pois é de sua observância que se garantirá a sustentabilidade do todo.

Essa mutualidade Terra-Humanidade é melhor assegurada se articularmos a razão intelectual, instrumental-analítica, com a razão sensível e cordial. Damo-nos conta mais e mais de que somos seres impregnados de afeto e de capacidade de sentir, de afetar e de ser afetados. Tal dimensão possui uma história de milhões de anos, desde quando surgiu a vida há 3,8 bilhões de anos. Dela nascem as paixões, os sonhos e as utopias que movem os seres humanos para a ação. Esta dimensão, também chamada de inteligência emocional foi recalcada na modernidade em nome de uma pretensa objetividade da análise racional. Hoje sabemos que todos os conceitos, ideias e visões do mundo vem impregnados de afeto e de sensibilidade (M. Maffesoli, Elogio da razão sensível, Petrópolis 1998). Se assim não fosse não seria humana, mas algo maquínico.

A inclusão consciente e indispensável da inteligência emocional na razão intelectual nos motiva mais facilmente ao cuidado e ao respeito da Mãe Terra e da  multiplicidade de seus seres.

Junto a esta inteligência intelectual e emocional existe no ser humano também a inteligência espiritual . Ela não é um dado apenas do ser humano, mas segundo renomados cosmólogos, uma das dimensões do universo. O espírito e a consciência têm o seu lugar dentro do processo cosmogênico. Podemos dizer que eles estão primeiro no universo e depois na Terra e no ser humano. A distinção entre o espírito da Terra e do universo e nosso espírito não é de princípio mas de grau.

Este espírito está em ação desde o primeiríssimo momento após o big bang. Ele é aquela capacidade que o universo, mediante suas partículas e energias,mostra  de fazer de todas as relações e interdependências uma unidade sinfônica. Sua obra é realizar aquilo que alguns físicos quânticos (Zohar, Swimme e outros) chamam de holismo relacional: articular todos os fatores, fazer convergir todas as energias, coordenar todas as informações e todos os impulsos para cima e para frente de forma que se forme um Todo e o cosmos apareça de fato como cosmos (algo ordenado) e não simplesmente a justaposição de entidades ou o caos.

É neste sentido que não poucos cientistas (A. Goswami, D. Bohm, B. Swimme, Bateson e outros) falam do universo autoconsciente e de um propósito que é perseguido pelo conjuntos das energias em ação. Não há como negar esse percurso: das energias primordiais passamos à matéria, da matéria à complexidade, da complexidade à vida e da vida à consciência, da consciência à autoconsciência individual e da autoconsciência individual  à autoconsciênica coletiva, aqulo que Teilhard de Chardin chamava de  à noosfera pela qual nos sentimos uma mente coletiva.

Todos os seres participam de alguma forma do espírito, por mais “inertes” que se nos apresentem, como uma montanha ou um rochedo. Eles também estão envolvidos numa incontável rede de relações por todos os lados,   relações estas que são a manifestação do espírito. Formalizando poderíamos dizer: o espírito em nós é aquele momento da consciência em que ela sabe de si mesma, se sente parte de um todo maior e percebe que um Elo misterioroso liga e re-liga todos os seres, fazendo que haja um cosmos e não um caos.
Esta compreensão desperta em nós um sentimento de pertença a este Todo, de parentesco com os demais seres da criação, de apreço por seu valor intrínseco pelo simples fato de existirem e revelarem algo do mistério do universo. Viver é extasiar-se e encher-se de veneração e respeito.

Ao falarmos de sustentabilidade em seu sentido mais global, precisamos incorporar este momento de espiritualidade cósmica, terrenal e humana, para ser completa, integral e potenciar sua força de sustentação.

Leonardo Boff é autor de Ecologia: grito da Terra-grito dos pobre:. Dignidde e direitos da Mãe Terra, a sair pela Vozes 2014.

terça-feira, maio 20

Emir Sader: "O poder, cadê o poder?"

Os eixos fundamentais do poder político conservador na sociedade, hoje, se articulam em torno do sistema financeiro e do monopólio privado da mídia.

por Emir Sader em 15/05/2014


Leonardo Boff: "Quanto de barbárie existe ainda dentro de nós?"

19/05/2014
Perversidades sempre existiram na humanidade, mas hoje com a proliferação dos meios de comunicação, algumas ganham relevância e suscitam especial indignação. O caso mais clamoroso, nos inícios de maio de 2014, foi o linchamento da inocente Fabiane Maria de Jesus em Guarujá no litoral paulista. Confundida com uma sequestradora de crianças para efeito de magia negra, foi literalmente estraçalhada e linchada por uma turba de indignados.

quinta-feira, maio 15

África: natureza e história



         

Rede Cultura Viva Afro-brasileira será lançada na Teia Nacional



Entre os dias 19 e 24 de maio, acontece na cidade de Natal (RN), a Teia Nacional da Diversidade 2014. Durante o encontro, no dia 21 de maio, haverá o lançamento da Rede Cultura Viva Afro-brasileira na abertura do Fórum de Cultura Negra, que integra as atividades da Teia.


terça-feira, maio 13

L'AFRIQUE BERCEAU DE L'HUMANITE ~ THE AFRICA CRADLE OF HUMANITY

O canal francês ARTE de televisão produziu este vídeo primoroso sobre a África como berço da humanidade. Embora seja narrado em francês, as imagens são belíssimas, e vale a pena vê-lo.

Só existe uma raça, e ela surgiu na África

segunda-feira, maio 12

Hegemonia Cultural



Parte inferior do formulário
Para o pensador italiano Antonio Gramsci, hegemonia cultural não é sinônimo de poder dominador, pois uma classe social  não pode se sobrepor ideologicamente sobre outra esfera da sociedade sem recorrer às famosas alianças e articulações e sem o consentimento, mesmo que seja um tanto inconsciente, da massa por ela liderada.



Antonio Gramsci

Assim, se a burguesia, por exemplo, quer se impor às classes populares, não o poderá fazer, a não ser em uma etapa inicial de um novo regime político, ou excepcionalmente em Estados terroristas ou sob intensa ditadura. Na tentativa de estabelecer um papel de liderança sobre as camadas oprimidas, a classe que se candidata à hegemonia cultural necessita abrir mão de algumas de suas conveniências, para obter o poder desejado.

Sociedade, direito e controle social




Wanessa Mota Freitas Fortes

Resumo: O homem é um ser social e político, vivendo em grupos, em sociedades. É natural que no seio destes grupos haja conflitos, desentendimentos e interesses divergentes. No entanto, o homem sente necessidade de segurança e busca a harmonia social. Para que a sociedade subsista é necessário que os conflitos sejam resolvidos e para tanto, o homem dispôs de vários meios com o intuito de controlar as ações humanas e trazer um equilíbrio à sociedade. São os instrumentos de controle social. O Direito, criação humana, é um destes instrumentos, cujo principal objetivo é viabilizar a existência em sociedade, trazendo paz, segurança e justiça.